A barragem de rejeitos se rompeu na sexta-feira (25) e ficava na mina de Córrego do Fundão. A lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa.
Veja abaixo perguntas com as respostas que se conhece e os vários pontos ainda a serem esclarecidos sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG). A barragem de rejeitos se rompeu na sexta-feira (25) e ficava na mina de Córrego do Fundão. A lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo da empresa.Quantas pessoas foram vítimas?
Até as 21h do sábado (26), foram confirmados 34 mortos, 81 desabrigados e 23 feridos em hospitais, segundo os bombeiros. A Vale divulgou uma lista com 252 nomes de funcionários com os quais não conseguiram contato. Além destes funcionários, há outras possíveis vítimas entre pessoas que estavam em casas e em uma pousada na região. Veja a cobertura ao vivo e a lista de vítimas já identificadas.Quantas barragens foram afetadas?
De acordo com a Vale, uma barragem rompeu e o volume de lama fez com que outra transbordasse. Anteriormente, na sexta, o Ministério do Meio Ambiente chegou a falar que 3 barragens teriam se rompido.O que causou o rompimento?
O presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, diz que ainda não se sabe e que a empresa está mobilizada para entender o que aconteceu.As Polícias Federal e Civil abriram inquéritos para apurar crimes ambientais e contra a vida. A PF informou que o inquérito tem 30 dias para ser concluído. O procedimento tem o objetivo de investigar a autoria e a materialidade do crime e recolher documentos, fazer interrogatórios e eventuais buscas.
Qual o volume da lama?
O volume de rejeitos é menor do que a tragédia de Mariana há 3 anos. Segundo o presidente da Vale, vazaram 12 milhões de metros cúbicos. Na tragédia de Mariana, foram 43,7 milhões de metros cúbicos.Havia algum indício de risco de rompimento?
O presidente da mineradora diz que foi uma surpresa, porque as indicações eram de que estava “tudo em ordem”. Segundo ele, a última leitura de instrumentos foi feita no dia 10 de janeiro. Os laudos dessa última vistoria não foram divulgados, mas serão entregues às autoridades.A agência Nacional de Mineração, responsável por fiscalizar a atividade, informou que recebeu os relatórios que garantiam a estabilidade da estrutura e que ela era classificada como de risco baixo, mas de alto dano potencial associado.
Por que os rejeitos não foram retirados da barragem?
Segundo a Vale, a barragem estava desativada desde 2015.Documentos mostram que a mineradora conseguiu, em dezembro de 2018, uma licença do governo mineiro para retirar os minérios do rejeito acumulado na barragem.
A Secretaria de Meio Ambiente do estado disse que apesar da autorização, a Vale ainda não podia mexer na barragem porque havia pendências ambientais.
Alguém se opôs a essa licença?
Uma ambientalista que foi a única a votar contra a licença disse ao Jornal Hoje que alertou que havia “pendências e informações omissas ou inverídicas” e que uma comunidade não foi incluída no estudo de impacto ambiental como área de influência direta.Além disso, em 10 de janeiro uma comunidade local entrou com um recurso à autorização alegando que o plano poderia afetar diretamente 2 córregos que são importantes afluentes do rio Paraopeba.
O que tem na lama?
Os rejeitos da mineração são resultado do processamento para separar o minério de ferro bruto de impurezas que não têm valor. Essa sobra contêm restos de minério, sílica e derivados de amônia.Qual deve ser o impacto do desastre?
A Vale afirma que a lama não é tóxica. “O material dentro da barragem já era razoavelmente seco e consequentemente não tem esse poder de se deslocar por grandes regiões. A parte ambiental deve ser muito menor, e a tragédia humana terrível”, disse o presidente da mineradora.Mas especialistas afirmam que há danos ambientais graves, como a contaminação do solo e da água por minério fino que fica na sobra dos rejeitos. O tamanho e a extensão do impacto ainda é difícil de ser medido.
Até onde deve chegar a lama?
Estima-se que a lama percorra 200 km de área e chegue ao rio São Franciso. Ela está descendo a Serra dos Dois Irmãos, que é rica em Mata Atlância, deve cair no rio Paraopeba, que abastece um terço da região metropolina de Belo Horizonte, e desaguar no rio São Franciso.Mas nesse caminho a lama tem que passar pela Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo e, por isso, espera-se que essa usina reduza a quantidade de lama que chegará ao rio São Francisco.
O que a Vale deve fazer agora?
A Justiça mineira determinou o bloqueio de R$ 5 bilhões da mineradora Vale. A medida, segundo o órgão, é para garantir a adoção de medidas emergenciais em defesa do meio ambiente. A Justiça já havia determinado bloqueio de R$ 1 bilhão, após pedido da Advocacia-Geral do Estado.Os recursos vão ser usados para ajudar as vítimas e na redução de danos. A primeira decisão liminar também exigiu da Vale:
- Estancar o vazamento em até 5 dias.
- Iniciar a remoção do volume de lama.
- Mapear danos para elaborar plano de recomposição da área.
- Adotar medidas para evitar contaminação de nascentes.
- Controlar proliferação de pragas e vetores de doenças.
O inquérito aberto pela PF vai nvestigar a autoria e a materialidade do crime e recolher documentos, fazer interrogatórios e eventuais buscas. A corporação informou que o inquérito tem 30 dias para ser concluído. A Polícia Civil de Minas Gerais também instaurou um inquérito.
O Ibama multou a vale em R$ 250 milhões e a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad) impôs outra multa de R$ 99 milhões.
O que foi feito depois da tragédia de Mariana para evitar novos rompimentos de barragens?
O rompimento em Mariana em novembro de 2015 gerou dúvidas sobre a eficiência do Plano Nacional de Segurança de Barragens. A política criada em 2010 prevê que as empresas devem apresentar plano de ação de emergência, de segurança da barragem e fazer inspeções e revisões periódicas.Em 2016, uma comissão foi formada no Senado para debater o assunto. O diagnóstico mostrou que a lei precisava mudar, mas um projeto que tornava mais rígida a segurança de barragens e que previa punições e mais rigorosas foi arquivado no Senado sem nem chegar a ser votado. Na Câmara, outras cinco propostas estão paradas.
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